As incertezas em relação ao futuro e a privação do convívio social durante a pandemia podem exacerbar o medo, a solidão e a tristeza, aumentar os níveis de stress e desencadear problemas de insônia. Aprenda a fazer uma pausa e olhar para dentro!
Como você classificaria a sua saúde mental na quarentena? Que tal fazer uma pausa para se observar? Segundo um estudo científico publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health, 53,2% das pessoas já estão sofrendo os efeitos psicológicos da pandemia de Covid-19, que pode deixar cicatrizes emocionais. Por isso, é a hora de exercitar o autoconhecimento para reconhecer, acolher e lidar com algumas emoções que são inevitáveis, mas também cruciais para atravessar momentos de crise.
“Essas emoções negativas que estamos vivendo são básicas, universais, importantes para a sobrevivência e nos ajudam a evoluir”, afirma Patricia Tobo, gerente científica de bem-estar da Natura. “É comum sentir medo, ansiedade, stress, solidão, tristeza e ver o sono mudar. O medo, por exemplo, é bem-vindo inicialmente para nos ajudar a enfrentar uma situação ameaçadora. O que precisamos é reconhecer essas emoções e sentimentos, aceitar e colocar em prática rituais de autocuidado que nos ajudem a lidar com eles. Precisamos agir para nos adaptarmos à crise.”
A especialista reforça ainda que a intensidade desse conjunto de emoções e sentimentos pode variar de pessoa para pessoa, de acordo com a situação em que ela está inserida. Mas garante: “Estamos todos sofrendo com essa pandemia”. E mesmo estando em casa, algumas mudanças simples de hábitos podem fazer toda diferença para encarar essa montanha russa emocional com mais leveza e menos cobrança.
Como lidar com o medo
O medo é uma emoção negativa, mas muito poderosa, que nos coloca em estado de alerta diante de situações de ameaça e emergência. E o cenário de pandemia naturalmente provoca o medo do invisível. Senti-lo, segundo Patricia, é normal, mas em excesso pode prejudicar a saúde mental. O que precisa ser evitado é que seu excesso prejudique a saúde mental.
“A gente precisa dele para sobreviver. O medo surge para nos ajudar a solucionar problemas imediatos, relacionados ao presente”, diz ela. “O confinamento provoca um prolongamento desse sentimento. Em alguns casos, ele se estende a temores relacionados ao futuro, como perda de emprego, desabastecimento alimentar e fim de relacionamentos. Esse medo generalizado em relação ao futuro é o que chamamos de ansiedade”.
Um dos principais desencadeadores do medo na atual circunstância é o excesso de informação e o acesso a conteúdo não confiável. Segundo um estudo científico publicado no jornal Psychiatry Research, ficar mais de 3 horas imerso em informações sobre a pandemia aumenta as chances do seu aparecimento.
O ANTÍDOTO DO MEDO
Além de fazer uma curadoria mais criteriosa de notícias, consultando sempre fontes seguras como a OMS (Organização Mundial de Saúde), que tal fazer uma pausa e procurar novas formas de se distrair? Escrever, desenhar, pintar, fazer artesanato, cozinhar e cantar são algumas atividades recomendadas para aliviar o medo e a ansiedade.
A automassagem também é uma ótima ferramenta de alívio. A acupressão é uma técnica baseada na Medicina Chinesa que estimula pontos específicos do corpo por meio da pressão dos dedos. Foque na região interna do braço – três dedos acima do pulso –, na parte interna e superior das orelhas e entre as sobrancelhas.
Como lidar com o stress
O stress é outra reação normal do organismo diante de situações de perigo ou ameaça. Os sinais mais comuns de que o corpo está estressado são: sensação constante de desgaste, alterações de humor, tensão muscular, formigamento, mudança de apetite problemas de pele, déficit de atenção e memória, hipertensão, ansiedade e depressão.
Segundo estudo científico publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health, uma a cada três pessoas está sofrendo com o aumento dos níveis de stress devido à pandemia. E uma pesquisa realizada na China mostrou que até 20% das população local já apresentam sinais de stress pós-traumático após a crise.
Mas ninguém adoece de um dia para o outro. Portanto, vale recorrer a algumas práticas que podem preveni-lo e/ou aliviá-lo. Estabeleça desafios diários. A vida não é significativa só por conta de experiências extraordinárias, valorize também sua rotina e pequenas conquistas.
O ANTÍDOTO DO STRESS
Se programar ajuda a evitar o stress no dia a dia. Então, faça uma lista de tarefas em ordem de prioridade e não subestime o tempo que cada uma delas leva para ficar pronta. Separe tudo em pequenas etapas e foque em completar uma por vez, no seu tempo.
Que tal também reservar um momento para se dedicar ao autocuidado? Assista àquele filme que tanto gosta, tire um tempo para se conectar com o seu corpo, divirta-se cozinhando e faça uma automassagem durante o banho.
A respiração também é uma ótima aliada do bem-estar. Sente-se confortavelmente em um lugar tranquilo, deixe a respiração fluir bem profundamente, tentando sempre inspirar pelo nariz e expirar pela boca. Inspire contando até cinco e expire no mesmo tempo, imaginando o stress saindo junto com o ar pelas suas narinas. Faça isso de três a cinco minutos para afastar os sintomas.
Como lidar com a solidão
Solidão é a experiência negativa de estar só, caracterizada pelo sentimento de vazio e tristeza. Por isso, em tempos de Covid-19, o apoio de amigos e da família, ainda que virtualmente, é fundamental para afastar esse sentimento.
Saiba, porém, que estar sozinho é diferente de se sentir sozinho. A solidão está relacionada com a percepção das relações. É possível estar isolado, mas não solitário; ou solitário, mas não isolado.
Já ouviu falar em solitude? Ela é uma experiência positiva caracterizada pelo prazer de estar só. Sim, você pode ser sua melhor companhia. Esse momento de desfrutar da sua própria presença aumenta o relaxamento, reduz o stress e pode servir como ótima ferramenta de autoconhecimento e autocontrole emocional. Mas se você ainda não alcançou esse estágio, é preciso encontrar maneiras de minimizar o problema.
O ANTÍDOTO DA SOLIDÃO
Um estudo científico publicado no jornal Aging and Mental Health mostrou que 40 minutos de conversa para relembrar bons momentos do passado são capazes de afastar a solidão, que também pode desencadear sentimentos de rejeição, exclusão e vulnerabilidade. Então, faça uso da respiração quando precisar de uma dose de autoconfiança.
Sente-se confortavelmente em uma postura ereta. Feche os olhos ou fixe o olhar em algum ponto. Inspire pelas narinas de forma lenta e profunda, mentalizando sentimentos de autoconfiança e segurança. Depois, expire jogando para fora a angústia e solidão presente em sua mente. Perceba como é bom estar na sua companhia. Repita quantas vezes achar necessário.
Já pensou em adotar um animalzinho para ter companhia? Essa pode ser a hora. O vínculo afetivo criado com cães e gatos também costuma ser infalível. Mas lembre-se que a adoção demanda responsabilidade. Os pets, assim como nós, precisam de carinho e cuidado para uma rotina de bem-estar.
Como lidar com a insônia
Como anda seu sono? Um estudo da SIPS (Society for the Improvement of Psycological Science) apontou que uma a cada cinco pessoas tem apresentado diminuição da qualidade de sono durante a pandemia. E os motivos da insônia variam: consumo excessivo de notícias, mudança de rotina, stress, inseguranças sobre a saúde e incertezas sobre a situação atual e sua duração.
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O ANTÍDOTO DA INSÔNIA
Estudos científicos mostram que a prática de Mindfulness é eficaz para reduzir os impactos da quarentena na qualidade do sono e da ansiedade. A ideia é dedicar atenção plena a si mesmo e às tarefas do dia. Quer mais? Algumas mudanças de hábito podem auxiliar.
Segundo a SleepFoundation, para driblar a insônia é preciso dormir em local silencioso e escuro, ter horário regular para dormir e acordar, evitar exercícios físicos à noite, não ingerir bebidas alcoólicas antes de dormir, não beber estimulantes até quatro horas antes de se deitar e desligar aparelhos eletrônicos antes de ir para a cama.
Antes de dormir, que tal também escrever suas preocupações, medos e aflições em um diário? Essa pode ser uma boa estratégia para deixar os problemas de lado, tranquilizar a mente e se preparar para um sono mais relaxante.
Como lidar com a tristeza
A tristeza é uma emoção caracterizada pelo afastamento social, desânimo e dor psicológica. E altos níveis de ruminação – ficar pensando sobre determinado assunto por muito tempo – colaboram para prolongar esse sentimento.
Ainda que cada pessoa tenha sua maneira de responder à pandemia, a tristeza tem sido a emoção predominante em um a cada sete indivíduos, segundo estudo da arXiv.org. Ela pode se apresentar de várias formas, inclusive estar por trás de um sorriso. Há quem aparente estar feliz para evitar possíveis julgamentos e constrangimento por estar triste. Mas seus sinais mais frequentes são: perda de prazer, diminuição da energia, dificuldades para dormir, irritabilidade e perda ou aumento de apetite.
O lado bom é que ela é, sim, passageira e pode ser amenizada com algumas técnicas simples.
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O ANTÍDOTO DA TRISTEZA
A música possui um papel importante na melhora dos níveis de motivação e autoimagem, além de ajudar a lidar com momentos difíceis. Então, solte a voz e o corpo durante a quarentena, embalada por suas canções favoritas.
Fazer um diário de pensamentos também pode ser bom. Deposite suas dores em um papel e dê um tempo para a sua mente. Isso ajuda a organizar as emoções e entender o que está vivendo – sem julgamentos! Rir também é um ótimo remédio. Quando foi a última vez que você deu uma gargalhada gostosa? Assista a comédias românticas, relembre momentos engraçados com amigos e combine partidas de jogos online para extravasar.
Meditação é uma grande âncora
Para todas as situações anteriores, tirar um tempo para meditar é extremamente benéfico. E existe uma prática especial para tocar em cada emoção. Nosso aplicativo Meditação Natura pode ajudar você a embarcar nessa jornada de autoconhecimento. Procure pelas práticas guiadas, como “Olhando com curiosidade para seus medos, “Durma bem” e “Reconhecendo a alegria”.
“Estamos vivendo o presente mais do que nunca. Portanto, mesmo diante do caos, reorganize as demandas familiares e profissionais, abra espaço para o lazer e viva um dia de cada vez. Isso é fundamental para nos trazer para o centro e para alcançar o equilíbrio”, diz Patricia. E lembre-se de tomar consciência de que as emoções negativas existem e são parte do seu aprendizado, mas vão passar!
Fonte: Natura
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